Relatório do mapeamento das comunidades a serem reassentadas no Posto Administravo de Namanhumbir Pemba, 24 de Julho de 2015 ama - associaçâo do meio ambiente / Rua 12, Casa 872, 3200 Pemba, Cabo Delgado, Moçambique Caixa Postal 134 / Telefone e Fax: +258 272 21581 / e-mail: ama.amigosdaterra@gmail.com Índice Páginas 1. INTRODUÇÃO....................................................................................................... 1 1.1. OBJECTIVOS ................................................................................................. 3 1.1.1. Objectivo Geral ........................................................................................ 3 1.1.2. Objectivos Específicos............................................................................. 3 2. METODOLOGIA .................................................................................................... 4 3. DESCRIÇÃO DOS RESULTADOS DA ACTIVIDADE ............................................ 5 4. CASOS DE VIOLAÇÃO DOS DIREITOS E LIBERDADE INDIVIDUAIS NA COMUNIDADE M’pene ................................................................................................. 6 5. REASSENTAMENTO E COMPENSAÇÕES NAS COMUNIDADES DE M’PENE E NSEUE ......................................................................................................................... 6 6. APRESENTAÇÃO DA CASA MODELO................................................................. 9 7. LOCAIS SAGRADOS .......................................................................................... 10 8. CONSTATAÇÕES ............................................................................................... 10 9. CONCLUSÃO ...................................................................................................... 11 1. INTRODUÇÃO A descoberta de recursos naturais, na província de Cabo Delgado, imprime nas comunidades abrangidas novas dinâmicas nas suas vidas, mudanças sócioeconómicos, e bem como alguns conflitos de interesses entre as partes envolvidas. Algumas comunidades do posto administrativo de Namanhumbir, a saber Namutxo (Ntoro), Nseue e Mpene, estão numa zona concessionada de 33000 hectares a mineradora Montepuez Ruby Mining, portanto a empresa pretende reassentar as mesmas para uma zona próxima. A ama fez o mapeamento das comunidades abrangidas pela referida área que serão reassentadas, trabalhou também com os comités comunitários de gestão de recursos naturais estabelecidos nas comunidades, fez o levantamento das necessidades em relação as capacitações em matérias de reassentamento para o acompanhamento do processo. 1.1. OBJECTIVOS 1.1.1. Objectivo Geral  Mapear as comunidades a serem afectadas no Posto Administrativos de Namanhumbir 1.1.2. Objectivos Específicos  Identificar as comunidades a serem reassentadas;  Levantamento das necessidades das comunidades a serem reassentadas em matérias da legislação pertinente na indústria extractiva. 2. METODOLOGIA Para a realização da actividade nas comunidades abrangidas no posto administrativo de Namanhumbir, realizou-se encontros com os comités de gestão de recursos naturais de M’pene e Nseue, também colectou-se os dados num encontro com a comunidade realizado na comunidade de Nseue organizado pela empresa Rubi mining e o governo local. 3. DESCRIÇÃO DOS RESULTADOS DA ACTIVIDADE A empresa Montepuez Rubi Mining, que explora Rubi no Posto Administrativo de Namanhumbir no distrito de Montepuez, foi-lhe concessionada uma área de 33000 Hectares, esta área abrange as comunidades de M’pene, Nseue e Ntoro. Assim sendo as comunidades abrangidas serão reassentadas para dar a referida área a empresa, para abertura de minas para exploração do Rubi. Área da mina de Rubi- Montepuez Rubi Mining A ama realizou o mapeamento das comunidades afectadas, para o efeito trabalhou com os comités de gestão de recursos naturais existentes nas referidas comunidades. Na comunidade de M’pene existe um comité de gestão de recursos naturais composto por 20 membros dos quais 4 Mulheres e 16 Homens, são no total 109 famílias que residem naquela comunidade, na sua maioria tem como actividade principal a prática da agricultura. Os membros do comité dizem terem ficado surpreendidos com a informação de que seriam seriam reassentados, pois eles nunca tiveram um encontro para falar do reassentamento, nem com a empresa e muito menos com o governo na pessoa da chefe do Posto de Namanhumbir, avançaram ainda que tiveram o primeiro e único contacto com a empresa Montepuez Rubi Mining, quando a mesma pretendia fazer um inquérito à comunidade/levantamento das famílias existentes na comunidade e dos bens que as mesmas possuem, o comité fez saber que não tem nenhuma liberdade para a circulação arredores da sua comunidade. 4. CASOS DE VIOLAÇÃO DOS DIREITOS E LIBERDADE INDIVIDUAIS NA COMUNIDADE M’pene A comunidade de M’pene, tem sido alvo de violação dos seus direitos por parte da empresa, nos seus pronunciamentos os membros das comunidades avançaram o seguinte: nós aqui na comunidade não nos sentimos a vontade, mesmo para circular arredor da comunidade não somos permitidos pelos seguranças da empresa rubi mining denominados NAKATANA e também das forças de defesa, esta mesma segurança teve ordens de não nos deixar usar a estrada que dá acesso ao posto administrativo de Namanhumbir, se usarmos a estrada nos agridem, arrancam-nos o dinheiro, os bens que tivermos. Nós agora já não podemos ir a mata para cortar lenha, cortar bambus para construção somos proibidos alegando que a nossa entrada na mata será para a prática do GARIMPO, ou podemos achar o Rubí, por isso não deixam, mas são recursos que sempre usamos mas desde que a rubi mining chegou somos proibidos. Em casos de doença enfrentamos sérias dificuldades, pois não temos como usar a estrada para o centro de saúde em Namanhumbir. 5. REASSENTAMENTO E COMPENSAÇÕES NAS COMUNIDADES DE M’PENE E NSEUE As comunidades de m’pene e nseue comungam da mesma ideia, de resistir ao processo de reassentamento, para a comunidade de Nanuni, pois as comunidades alegam que nos locais onde vivem há condições favoráveis para a sua sobrevivência, um dos membros da comunidade de m’pene na sua intervenção avançou o seguinte: nós aqui na nossa comunidade possuímos condições favoráveis para a prática de agricultura que é a nossa actividade básica e principal para a nossa sobrevivência, pretendem nos tirar para uma zona árida com terra arenosa imprópria para a prática da agricultura, iremos passar mal de fome temos crianças por alimentar, temos as nossas árvores de fruteiras quanto tempo irá levar uma muda para crescer e dar frutos? Para nós não garantias de boas condições quando formos reassentados, porque mesmo o governo que deve defender o bem-estar da população nunca se aproximou a nós para nos esclarecer do processo, portanto não nos sentimos seguros. A empresa fez um levantamento das famílias que possuem fruteiras para serem compensados, desde que decorreu esse processo de levantamento nunca mais vieram para uma possível negociação em relação as compensações, para algumas pessoas que tem mais que uma casa e um agregado familiar maior, irão construir o número de casas correspondente aos agregados tenho agora? Por isso nós a comunidade de m’pene não queremos sair daqui onde vivemos. Na comunidade de Nseue a comunidade teve uma oportunidade para expor as suas inquietações em relação ao processo de reassentamento diante das estruturas governamentais e da empresa Montepuez Rubi Mining, o mesmo aconteceu num encontro realizado naquela comunidade no do dia 17 de Julho de 2015. A comunidade de Nseue igualmente a comunidade de m’pene resiste ao processo de reassentamento, porque o mesmo processo no olhar da comunidade não é sustentável, isto é, eles terão de deixar para trás muita coisa que já tinham consolidado na sua actual comunidade, os valores culturais que de certa forma fazem parte das suas vidas, as machambas que possuem que servem de base para o seu sustento, a pesca na barragem existente na comunidade, as casas que construíram com tanto sacrifício, portanto eles acham injusta a pretensão da empresa em querer lhes tirar da sua comunidade. A comunidade realça a ausência/distância do governo em lhes informar em relação ao processo de reassentamento que a empresa pretende realizar, e alegam também que a chefe de posto administrativo de Namanhumir tenha” vendido as suas terras em benefício próprio” isto porque a chefe de posto mostra estar a favor da empresa defendendo-a mesmo em casos de violação dos seus direitos fundamentais. O senhor Alí Abdala membro da comunidade de Nseue manifestou a sua indignação nos seguintes moldes: nós por sermos negros e pobres a empresa acha que pode fazer tudo que achar por nós, no ano de 2014 fizeram-nos assinar alguns documentos contra a nossa vontade e de forma enganosa, no âmbito do inquérito realizado eles não nos esclareceram de que o processo em causa terminaria com a nossa retirada da comunidade, nós aqui praticamos actividades de pesca na barragem existente e também a agricultura, com essas duas actividades conseguimos fazer algo para melhorar as nossas condições de vida, mas hoje vem com histórias de reassentamento, se quiserem façam as vossas covas de mineração mas nós não queremos sair daqui. Peixe que é retirado da barragem de Nseue A senhora Rosalina na sua intervenção pronunciou-se da seguinte forma: No ano 2014 a empresa Montepuez Rubi Mining reuniu-se connosco, e não falaram nos e reassentamento mas sim, dos benefício que teríamos com a existência da empresa, mas não é o que estão a falar hoje, prometeram-nos que iriam construir um centro de saúde, mas isso não passava das promessas enganosas que a empresa tem feito a comunidade, e agora querem nos tirar das nossas casas e querem nos levar para uma zona que não tem nada haver connosco, poisos nossos valores culturais encontram-se nesta comunidade onde descansam os nossos ente queridos, e queremos que as nossas crianças cresçam com os mesmos para poder salvaguarda-los, desde que a empresa começou a operar nunca nos beneficiamos em nada, há muitos jovens com um nível aceitável para poderem trabalhar na empresa, antes nós apanhávamos as frutas silvestres no mato e agora a rubi mining proíbe-nos empresa já perdeu a nossa confiança, portanto nós não iremos aceitar sair deste local. As mesmas ideias foram comungadas pela Maria Domingos uma adolescente de 12 anos de idade, que com o reassentamento vê os seus direitos a serem atropelados e ela pronunciou-se da seguinte forma: vocês da Rubi Mining e o governo pretendem nos tirar deste loca, para uma outra comunidade que mal conhecemos, nós somos crianças alegres aqui na nossa comunidade, para a zona de reaasentamento onde pretendem-nos levar existem outros moradores e nós na inocência iremos tirar frutas das árvores dos hospedeiros e isso trará problemas, mas aqui nós temos as nossas fruteira/ culturas deixe-nos crescer com os nossos valores culturais, e eu nunca ouvi dizer que alguém desta zona trabalha na rubi mining. 6. APRESENTAÇÃO DA CASA MODELO A chefe do posto Administrativo de Namanhumbir, apresentou a casa modelo construir que pretende para comunidadesa as serem reassentadas, é uma casa de tipo 2 externa com e uma casa de cozinha banho externo,portanto cada membro cada membro terá direito de uma casa, e também prometem assegurar a coesão social das famílias. Além da casa que irá oferecer consta no lano de reassentamento a construção de infraestruturas sociais tais como: igrejas, mesquitas, vias de acesso para o local de reassentamento, sistema de abastecimento de aguaas famílias a serem reassentadas terão também uma área para a prática de agricultura com o DUAT tramitado. A chefe do Posto avançou ainda que o motivo da retirada das comunidades é para dar espaço a empresa para o processo de exploração do rubi. A Rubi Mining representado pelo Raimundo Panchinuapa, reconheceu os efeitos negativos que a actividade da empresa tem causado na vida das comunidades, portanto é por lei que quando decorre algo do género, as comunidades directamente afectadas deverão ser reassentadas. 7. LOCAIS SAGRADOS Umas das principais preocupações das comunidades afectadas pela área concessionada a empresa rubi mining, são as questões culturais, isto é, o tratamento que os locais sagrados irão merecer bem como as campas, a empresa garante que não se fará exumação das urnas para caso das campas, e garantem que os locais referidos serão isolados e que as comunidades terão o acesso livre aos locais sagrados e bem como nas campas. 8. CONSTATAÇÕES Após o trabalho realizado com as comunidades constatou-se que:  Há défice de comunicação entre as comunidades, o governo e a empresa;  A empresa não disponibiliza todo dossier de reassentamento a ser realizado, pois as comunidades alegam que, só tiveram um contacto apenas com a empresa e não tem informações concisas em relação ao processo;  Há fraco envolvimento da comunidade no processo;  Há casos de atropelo a lei de minas pela empresa Montepuez Rubi Mining, no que concerne reassentamento, ao conteúdo porque as local e bem comunidades como alegam o regulamento que a zona de de reassentamento é imprópria para a agricultura, não terão mais acesso a barragem para a pesca no caso da comunidade de Nseue;  Os comités de Gestão de Recursos Naturais criados, não conhecem o Regulamento de Reassentamento, nova lei de Minas, a lei de acesso a informação e a lei de terras, que constituem base para as comunidades reivindicar os seus direitos.  A chefe do posto de Namanhumbir usa o seu poder administrativo, para impor e obrigar as comunidades a aceitar as proposta da empresa Montepuez Rubi Mining. 9. CONCLUSÃO Finda a actividade concluiu-se que as comunidades de Ntoro, M’pene e Nseue serão reassentadas numa comunidade próxima chamada Nanuni, mas as comunidades abrangidas não estão de acordo, elas não aceitam ser retiradas dos seus locais pois alegam que onde vivem há condições favoráveis para as sua sobrevivência, terras férteis para prática de agricultura, existe uma barragem para pesca, e que a zona onde eles prendem lhes reassentar não reúne essas condições. Verificou-se ainda que o processo de reassentamento em causa não segue estreitamente o regulamento de reassentamento vigente no país, e existe assimetria de informação, e como forma de se fazer um acompanhamento contínuo do processo há necessidade de capacitar as comunidades:  Lei de minas;  Lei de acesso a informação;  Regulamento de reassentamento.